Frustração

    Tive cinco anos e me frustrava quando meu pai assistia o jornal na TV do meu quarto, na hora da minha novela infantil favorita. Tive oito anos e minha frustação era não poder acompanhar as bonecas e suas casinhas sempre que surgia uma novidade no mercado, só podia ter uma de cada vez. Tive dez anos e minha frustação era não ter permissão pra sair de bicicleta a noite como todos os meus amigos. Tive treze anos, dei meu primeiro beijo e a minha frustação era não saber se havia sido bom o suficiente. 
Tive quinze anos e um primeiro namorado, minha frustação foi perceber que ele não era o meu grande amor. Tive dezessete anos e uma paixão, me frustrei ao perceber a inconstância desse sentimento. Tive dezoito anos e queria viver um amor, minha frustação era ainda não conseguir encontra-lo. 
    Ainda aos dezoito ele apareceu, me fez feliz,  aparentemente me quis bem, cuidou de mim, mas depois brincou com os meus sentimentos, desvalorizou tudo de bom que eu fazia, me frustrei ao ter que manda-lo embora. Hoje aos dezenove anos a minha frustação está em ter perdido tempo julgando aquilo como amor, cuidando como se fosse amor, quando na realidade o que é amor, ainda está por vir.

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