Pequeno conto de fadas

Uma cidade completamente impossível de ser invadida, portões lacrados pelos mais fortes cadeados, aqueles que se tornam mais seguros com o tempo, os melhores guardas asseguravam a não entrada de estranhos. Não dá pra entender a razão da falha, talvez você pudesse mesmo abrir fechaduras apenas com facas mas pode também ser que os soldados mesmo com tanta experiência tenham adormecido ou apenas simpatizado com alguma coisa dita em certa parte do diálogo de insistência para entrar. Acontece que lá em cima de onde ela podia ver tudo, da parte mais alta da cidade, avistou-se aquele sorriso, ela quis gritar que não, sorrisos eram sua fraqueza e aquele não podia estar ali, não naquela hora, ela poderia ter chamado os outros guardas mas não, já estava fascinada , não havia mais tempo, estava agora disposta a ouvir tudo que ele tivesse para dizer, deixou que subisse e entrasse, olhou nos olhos mesmo detestando conseguir fazê-lo novamente, era um péssimo sinal, ela também estava desarmada e de perto ele sorriu novamente, ela caiu em seus braços, com a cabeça em seu ombro, ouviu ao pé do ouvido tudo que precisava, ele sabia exatamente o que dizer, como se ensaiado mas não era bem assim que soava, era sincero, dava vontade de ouvir mais, e durante dias ele se instalou em sua pequena casinha do alto, e ele era tudo que ela queria.
Adormeceu em certa noite - com uma completa segurança e certeza que sem cobranças poderia viver daquele sorriso pelo resto da vida- e ao amanhecer tudo estava vazio, não havia cheiro ou gosto e ao olhar pela janela a cidade estava como antes, portões fechados e guardas à postos, nada havia sobrado, nenhum indício e tudo que ela gostaria de entender era o por quê, se era sonho como ela havia chegado a pensar no dia em que o viu pela primeira vez ou se apenas havia se tornado realidade demais para ele. Ela correu para a porta, ia abri-la para sair em passos de loucura mas lá estava a prova de que ele havia realmente existido e estado ali, a única lembrança que a fez voltar e cair sentada de volta na cama com apenas um pensamento: ''Você vai lembrar de mim.''

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